"Da forma física e do Temperamento", por Ptolomeu
Atualizado: 13 de jul.
O texto que se segue é uma tradução do décimo primeiro capítulo do livro III do Tetrabiblos, escrito originalmente em grego helenístico no séc. II EC, pelo astrônomo greco-egípcio Claudio Ptolomeu, cidadão romano habitante de Alexandria (c. 100 – c. 170 EC).
O Tetrabiblos foi considerado durante mais de um milênio como um dos livros mais importantes sobre as ciências cosmológicas. Trata-se do manual de astrologia mais traduzido e de maior importância histórica ao longo desses dois mil anos, desde sua composição.
Se o Almagesto de Ptolomeu, em suas primeiras linhas, lida com as posições dos astros e suas relações mútuas e com a terra, já o Tetrabiblos lida com a qualidade das transformações operadas no ambiente terrestre, que pode ser indicada a partir das posições dos astros.
O esquema básico dos quatro livros é claro: Ptolomeu descreve a astrologia, ou “uma das ciências que fornecem prognóstico pelo emprego da astronomia”, sempre indo daquilo que é mais universal até o que é mais singular.
No livro I, são apresentados os elementos técnicos essenciais da astrologia. Em seguida, o livro II trata de meteorologia e de uma “etnografia astrológica”, o que hoje se costuma chamar de “astrologia mundial ou mundana”, isto é, de prognóstico astrológico sobre países e regiões. O livro III se volta para o ser humano e trata de dados primários da nossa vida (Ptolomeu usa o termo “aptidões originárias”), como pais, irmãos, duração da vida etc. O livro IV, por sua vez, trata de fatos secundários e externos (denominados “afecções ocasionais”), como fortuna material, casamento, filhos etc.
A seguir, apresentaremos na íntegra o capitulo 11 do livro III do Tetrabiblos intitulado: "Da forma física e temperamento".
CAPÍTULO 11.
DA FORMA FÍSICA E TEMPERAMENTO
"Agora que já foi explicado o procedimento na questão da duração da vida, falamos sobre a forma e o caráter do corpo, começando a discussão detalhada pela ordem correta, na medida em que também naturalmente as partes do corpo são formadas antes da alma; pois o corpo, por ser mais material, traz quase de nascimento as aparências exteriores das suas idiossincrasias, enquanto a alma apresenta os caracteres que lhe são conferidos pela primeira causa só depois e pouco a pouco, e as qualidades externas acidentais surgem ainda mais tarde.